Wednesday, June 04, 2008

Sonho Lúcido



Meu corpo é um quarto escuro.
A vida está lá fora; a luz é vista pelas janelas da alma.
Está tudo dentro do quarto, mas o meu instinto voyeur está certo de que espionar é mais higiênico.
Isso faz com que a minha cama permaneça desarrumada e as minhas roupas esparramadas pelos sete cantos, sobre coisas que não sei se existem.

Sei que sempre há uma vela no fundo de uma gaveta, mas aquelas luzes me seduzem e me faz viver um tempo-agora.
“Vai ser difícil encontrar um fogo adormecido nessa escuridão”, penso.
Acho também que devia ser mais cega com a verdade
Mas cá estou eu com as minhas molduras acesas de posters efêmeros.
A arte me ensinou a enquadrar, a buscar um olhar divino-social no close de uma fechadura que é a porta e a parede – para além dela deve estar a resposta.


Os meus eus são protagonistas desse filme; interpretam brilhantemente textos-imagens.
Mas quando eles retornam, já estou dormindo.
Às vezes, me despertam dos meus pesadelos de aviões e elevadores desconfigurados.
Aqui nunca é dia, porque não tenho o meu sol.
Tudo é eterno e sem sentido.

Sábia vida achas que leva?
Se acham superiores, superiores a quem?

Se tudo é o mesmo, se tudo é igual...

Pequenas amebas pensantes que segue se fazendo mal

Ah, essas janelas dão mesmo profundidade a vida
Que vê o quanto a machuca

Meu eu-guardião acorda.
Uma pequena multidão embaçada retorna. E todos dormem.