Thursday, February 28, 2008

Antagonica

Sou essa figura completamente antagónica
Sorrio com fervor
Cobrindo o mundo de cor


Mas por alguns momentos interrompo os sorrisos
E o meu riso terno
Com soluços rudes, de quem arde no inferno!
Sou como um animal, sofro como um e ninguém me pode ajudar
Há dias em que acordo e estou feliz
Mas a minha alegria logo se vai e a tristeza momentânea vem e diz
que eu não devo ser feliz


Uns dias amo nos outros odeio...
Ás vezes chamo pelo amor,
Noutros dias pergunto-lhe porque veio...
Hoje não quero a solidão...
Nem este vazio que preenche tudo
Hoje queria apenas encher o coração
Calar este silêncio mudo
De coisas mundaneas
por que ser pura se isto caiu de moda?
por que na verdade eu sou cafona, e adoro um love moments
Assim sou eu...
Como os animais...
Assim sou eu, aquela que se preocupa com as coisas mais banais
Assim sou coberta pelo véu da noite...
Oculto-me até o nascer do dia

Assim sou, não sei!
Pelo menos era quando me conhecia.

Tuesday, February 12, 2008

O Amor no Terceiro Milênio

(Por Le Lis Branc)

Não é apenas o avanço tecnológico que marcou o início desde milênio. As relações afetivas também estão passando por profundas transformações e revolucionando o conceito de amor.

O que se busca hoje é uma relação compatível com os tempos modernos, na qual exista individualidade, respeito, alegria e prazer de estar junto, e não mais uma relação de dependência, em que um responsabiliza o outro pelo seu bem-estar.

A idéia de uma pessoa ser o remédio para nossas felicidades, que nasceu com o romantismo, está fadada a desaparecer neste início de século. O amor romântico parte da premissa de que somos uma fração e precisamos encontrar nossa outra metade para nos sentirmos completos. Muitas vezes ocorre até um processo de despersonalização (…). A teoria da ligação entre opostos também vem dessa raiz: o outro tem de saber fazer o que eu não sei. Se sou manso, ele deve ser agressivo, e assim por diante. Uma idéia prática de sobrevivência, e pouco romântica, por sinal.

A palavra de ordem deste século é parceria. Estamos trocando o amor de necessidade pelo amor de desejo. Eu gosto e desejo a companhia, mas não preciso - o que é muito diferente.

Com o avanço tecnológico, que exige mais tempo individual, as pessoas estão perdendo o pavor de ficar sozinhas, e aprendendo a conviver melhor consigo mesmas. Elas estão começando a perceber que se sentem fração, mas são inteiras. O outro, com o qual se estabelece um elo, também se sente uma fração. Não é príncipe/princesa ou salvador(a) de coisa alguma. É apenas um(a) companheiro(a) de viagem.

O homem é um animal que vai mudando o mundo, e depois tem de ir se reciclando para se adaptar ao mundo que fabricou. Estamos entrando na era da individualidade, o que não tem nada a ver com egoísmo. O egoísta não tem energia própria, ele se alimenta da energia que vem do outro, seja ela financeira ou moral. A nova forma de amor, ou mais amor, tem nova feição e significado. Visa a aproximação de dois inteiros, e não a união de duas metades. E ela só é possível para aqueles que conseguirem trabalhar sua individualidade. Quanto mais o indivíduo for competente para viver sozinho, mais preparado estará para uma boa relação afetiva.

A solidão é boa, ficar sozinho não é vergonhoso. Ao contrário, dá dignidade à pessoa. As boas relações afetivas são ótimas, são muito parecidas com o ficar sozinho, ninguém exige nada de ninguém e ambos crescem. Relações de dominação e de concessões exageradas são coisas do século passado. Cada cérebro é único. Nosso modo de pensar e agir não serve de referência para avaliar ninguém. Muitas vezes, pensamos que o outro é nossa alma gêmea e, na verdade, o que fizemos foi inventá-lo ao nosso gosto.

Todas as pessoas deveriam ficar sozinhas de vez em quando para estabelecer um diálogo interno e descobrir sua força pessoal. Na solidão, o indivíduo entende que a harmonia e a paz de espírito só podem ser encontradas dentro dele mesmo, e não a partir do outro. Ao perceber isso, ele se toma menos crítico e mais compreensivo quanto às diferenças, respeitando a maneira de ser de cada um.

O amor de duas pessoas inteiras é bem mais saudável. Nesse tipo de ligação, há o aconchego, o prazer da companhia e o respeito pelo ser amado. Nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém, algumas vezes você tem de aprender a perdoar a si mesmo…

© Texto Dr. Flávio Gikovate - adaptado por uva na vulva

Thursday, February 07, 2008

Desejos Translúcidos

Diante da armação dos meus óculos escuros
Paisagens de valores verdadeiros
Assombram a minha realidade

Como é bom conhecer pessoas e ver quanta gente pensa diferente
Quanta gente ainda quer amar, e não consegue...
Quantos mistérios se escondem num olhar,
Quanta coisa não dita...
Mas pra que dizer?
Se nossa boca exala o que queremos que pensem
Não o que realmente deve ser dito,
A verdade

Enquanto mergulho em um caleidoscópio
De desejos translúcidos
Vislumbro um céu decorado
Com azulejos pintados de anil
Onde em suas paredes o caos persegue
Os passos gélidos do inverno oriental

As ordens divinas cessaram
E as mulheres vomitam suas entranhas
Sob a luz do néon escarlate da prostituição
Não fazem o que querem
Fazem o que querem que faça
Agradam a todos, menos a si próprio

Eu tento fugir da sanidade
E parece que quem tenta ficar são, acaba ficando louco
Abortaram suas almas!
Não se deixaram sentir, viver os verdadeiros prazeres

Vasos sanitários engolem os filhos não nascidos da Era de Aquário
Nos templos sagrados quimeras hedonistas
Mastigam a dignidade e aniquilam o amor